Poesia de Zé Fagner
Fui apresentada aos poemas de Zé Fagner numa página de um projeto dos estudantes de jornalismo da UFPE a qual fazemos parte, me encantei de imediato e pude dizer que, sendo a primeira coisa que me chamou atenção, o nome de artista não nega. Ao próprio Zé fui apresentada bem mais tarde, pela minha curiosidade e pela ousada vontade que tenho de conhecer a maior quantidade possível de pessoas talentosas. O interessante foi perceber que Zé, além de figurar nessa categoria a qual conhecemos bem (estudante, poeta nas horas vagas e nas horas não vagas quando a poesia chama), tem esse gosto voltado pelo drama e pela exteriorização. Seus poemas são expressivos e humanos, chamando a atenção de quem se interessa por esse gênero. Conheçam, por meio dessa arte que logo me fez saltar os olhos e a alma, Zé Fagner.
Versos da alma
Meus dedos são como lápis
Que vão escrevendo versos
No papel do teu corpo.
E nesse corpo, As vezes,
Me encontro com marcas
E cicatrizes de poemas antigos
Que foram apagados com o tempo.
As vezes bebo-te
Em goles de raiva,
Misturado com perdição.
E trago todo o egoísmo
Que tem em ti,
Com cigarros baratos
Ascendidos na chama da tua timidez.
E em meio a toda essa confusão
Que é você;
Vejo tua boca,
Lépida e sádica,
Destilando sorrisos
Empoçados de venenos.
E acho teus olhos,
Quietos e calados,
Tentando disfarçar
Aquilo que você tem por dentro;
E que agora
Está fora de seu controle.
Ando meio engasgado.
O sol bateu em Meu rosto,
e Percebi que
O dia sorria
Para mim novamente,
Mas eu nunca retribui
O ato.
Meu egoísmo estava
Alarmante.
Além disso as palavras,
Aquelas que querem sair, mas regozijam dentro de você,
Encontravam-se No abismo de Minha alma.
Escondidas, com medo
Das retaliações Futuras.
E com cicatrizes do Passado que ainda Queimam meus olhos
E calam minha boca.
Todo esse repúdio Ao presente
É fruto de um passado
Amargo com gosto
De sangue putrefato.
E só agora Deitado em sua cama,
Vendo seu semblante Harmônico,
É que sinto vontade
De vomitar meus Sentimentos
nos Seus ouvidos
Palavra por palavra
Sem restar nenhuma letra.
Dizendo assim o que tá
Engasgado na minha garganta,
E me fazendo ficar mais leve Com a vida.
Mas não; apenas Desço um gole de sanidade
E guardo toda a Ânsia de volta
No meu abismo Inóspitos onde um dia
Essas palavras emergirão
E dirão tudo o que sinto,
Não só por você,
Mas pela vida.