Pêndulo - Apresentando Lívia Araújo
‘’Numa espécie de limbo, sonâmbulo anda feito pêndulo. Ora pende dormindo, ora pende contra o tempo e faz deste inimigo, atrasado, correndo, justifica um vazio interno, imenso. Fugas mentais ocupam os pensamentos e se torna incapaz de ocupar a si mesmo. TVs, zines, jornais, químicas num intento, bloquear os canais, domesticar seus anseios. ’’
Céu, Sonambulo.
Há quem pende pro lado e pro outro, na mão e na contramão, sambando na corda bamba. Há quem preze o meio de dois lados para traçar metade do seu caminho, há quem chegue de um extremo ao outro para definir seu caminho, mas há quem nunca se desfaz do meio. Eu ando pelas entrelinhas, nas sublimações das palavras e ações, no sentindo objetivo do inanimado. Perder e se encontrar é a labuta de cada dia.
Não cair tanto assim no analítico. Não cair tanto assim no subjetivismo. Tentar encontrar o meio é essencial, mas deve se ver um todo em um meio. Tentar enxergar a casa, a vida, a organização com as pessoas, por um modelo sócio-político econômico no qual a sociedade vive. Mas ver, tentar enxergar tudo, não apenas ter ideia de como seria. Isso é saber lidar com todas as questões individuas de cada um até as nossas próprias e ai perceber que tudo deve ser ressignificado, sempre.
Não existe um caminho a seguir, existe o nosso caminho a seguir junto com os próximos e o nosso caminho deve ser fomentado de convicções que sejam cientes que a nossa individualidade a do outro sejam garantidas. Caso contrário, o mundo viverá o acaso do caos. Uma desenfreada cadeia primitiva de competição que se sustenta pela irracionalidade e atraso mental que se finaliza até tudo se sucumbir ou até uma corrente ou força seja aplicada ao lado contrário. A luta e resistência de cada dia é necessária para que haja um sessamento desse ciclo.
Acredito que a vida não acontece somente em ciclos e sim em diferentes formas, fases e planos. Se eu fosse denominar um movimento eu diria que a vida é espiralítica, não se sabe o começo, nem o meio, nem o fim, se sabe a existência dela. Eu sigo o movimento da vida, ou pelo menos tento, aprimorando meus sentidos. Enxergando, ouvindo e sentindo tudo o que acontece, não só o que eu quero ver, ouvir e sentir. Eu me jogo na vida, mas devo confessar que as vezes eu tenho medo e preguiça. Quem não sente?