O Controverso Urbano e a ousadia de manter viva a poética e a força da marginália recifense.
" O controverso é uma força que caminha conosco e ao mesmo tempo é maior do que nós. " André Medulla.
A herança que serve de inspiração para o Coletivo Controverso Urbano vem de 1980 quando o movimento de escritores independentes começava a invadir a cidade trazendo uma poesia de subversão, com expressão política, diferente das estéticas a quais os leitores estavam acostumados. Num panorama mais macro, no Brasil, a poesia marginal ou Geração Mimeógrafo, já havia surgido no Sudeste como um movimento que vestia um caráter sociocultural, e representava uma pluralidade artística no campo da música, das artes performáticas, visuais, o que influenciou diretamente na produção da cultura do país na época.
Em 1970 os poetas marginais enfrentavam as repressões da ditadura, o conservadorismo das letras e dos cânones literários sobretudo a resistência ao novo, ao diverso. Mas, foi a partir da resistência desse movimento revolucionário dentro da literatura que foi possível uma ruptura com os velhos modelos de ser , estar, fazer e ler a poesia.
O Sarau realizado pelo Coletivo recifense é justamente essa expressão disso em prática, " Uma roda de poesia é uma sinergia. O controverso é Recife poeticamente em movimento " nas palavras de Patricia Naia.
Em Recife existe uma morfologia que une e sempre uniu os marginais, os esquecidos, os poetas pobres, os artistas de rua, eram os bares, as ruas, o concreto da cidade, o inconformismo, a beleza do caos urbano, a poesia corporal, a sensibilidade e ao mesmo tempo a ousadia da subversão, etc. " O controverso urbano é um sonho concreto, tá feito, é obra de uma geração que caminha bem e que vai muito longe... É uma inspiração, nascida e criada das nossas expectativas de um mundo maravilhoso, cheio de arte poesia. " define Amanda Timóteo.
Pensando em tudo isso, e considerando tudo isso, e na intenção de preservar essa história, esse movimento, o Coletivo que atualmente é formado por quatro estudantes Amanda Timóteo, André Medulla, Patricia Naia e Tacio Russo. surge (re)surge e resiste na no Recife a mais de um ano, engatinhando, bebendo das fontes marginais da cidade, promovendo encontros , saraus, uma roda da vida para manter viva a nossa herança na importância de tornar a poesia marginal uma leitura que faça parte da vida de todos, por achar bela a sua autenticidade , e a sua força orgânica que não foge das ligações com a cidade, com o corpo com a vida.
" O controverso é o meu outro filho, porque é como se ele fosse mesmo uma outra vida que respira, pulsa e reage... " Diz Tacio Russo.