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Como a literatura feminista é historicamente, um instrumento de resistência dentro da cultura.

As teorias literárias contemporâneas tem sido alvo de uma inquietação muito pertinente nas minhas leituras. E como esses estudos ainda são recentes pra mim, pouco ampliados, sem muita propriedade, gostaria de compartilhar apenas alguns pensamentos sobre a autonomia que a mulher vem conquistando ao longo da história literária, exclusivamente no nosso país, em nossos espaços de crítica da cultura e etc. E pontuar como essa presença, embora seja significativa, ainda é pequena. Vou tentar apresentar um exemplo de como tenho feito tais reflexões e resignificações a partir de algumas leituras, espero que essa pequena reflexão sirva para deixar provocações em nós, leitores.

A luta feminista foi a maior constatação de que a ideia feminina pela busca da equidade, e o olhar feminino apontando para as questões de gênero são aspectos fortes de um pensamento voltado para uma mudança social com um novo intelecto. As obras literárias fizeram/fazem parte desse processo mais do que imaginamos.


A literatura canônica sempre foi pautada em relações de poder, em objetificação do corpo mulher, submissões extremas e várias outras práticas do sistema patriarcal. O silenciamento pelo qual a sociedade submeteu a mulher teve suas consequências na literatura, e tolheu a mulher de ser representada por muito tempo - para mim é doloroso pensar nisso, porque podemos ter perdido muita coisa, podemos ter perdido escritos femininos que, enfim, jamais teremos como resgatar. E gosto de pensar que temos sim, uma memória literária de todas essas mulheres que foram um dia, silenciadas, que não puderam escrever e que levaram para seus túmulos sua voz - logicamente, porque a mulher vinha sendo representada apenas por homens. Havia um domínio patriarcal no cenário das “Belas Artes” e a mulher sempre ficou na posição de subjulgamento dentro da construção desse universo literário.


Aqui no Brasil, na primeira “onda” que corresponde ao período em que a mulher

luta pelos direitos primários, como o acesso à educação, busca­‑se a construção de uma identidade feminina. É, portanto, no inicio do século XX que há de fato um grande aumento da presença feminina nos jornais, nas revistas, com publicações de contos, crônicas e etc.


Na contemporaneidade , com a efervescência da luta feminista, com a rapidez da informação e do compartilhamento e as conquistas das mulheres ao longo do tempo, um espaço maior para protagonizar determinados papéis na sociedade foi sendo tomado pelas mulheres, com muito louvor e talento, diga-se de passagem. Hoje já é possível citar aqui centenas de nomes que narram e ilustram perfeitamente como foi o processo de garantir um espaço na literatura para as mulheres e de como esse processo interferiu nas obras literárias.



A importância do lugar da mulher na literatura é fundamental para nos ajudar a fazer uma releitura e resignificações do nosso contexto. Para tirar nosso olhar de uma visão periférica, superficial, e olhar pelos olhos dessas mulheres, suas histórias, suas vivências, e suas maneiras de representação do mundo através da literatura. Outrora, a mulher que sempre fora representada pelo homem, a mulher negra sempre estigmatizada nas obras literárias, hoje constrói uma história, acima de tudo, de resistência e de sobrevivência na cultura e na literatura do nosso país.

Por isso, vamos ler mulheres!

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