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Niilismo, por André Medulla

Niilismo

O inferno está próximo.

Há abismos nos meus olhos

que enxergam pouco na neblina.

Os pés pesam mais,

não há passos

Caio de novo e de novo

pelos despenhadeiros que habitam

meu peito.

Caio, em gritos que ninguém ausculta

Não durmo

mesmo quando sonho dias de sol

Entristeço, e o mundo continua

do mesmo jeito.

Cobra de nós as mesmas coisas

como se não nos permitisse

ter tempo de sofrer.

Mostram-se sempre tão vivos os erros,

inquietantes e tempestuosos,

nunca sepultados.

Esse mal estar presente

devorando tudo,

vomitando as horas

como uma ressaca do viver.

Essa chuva... essa falta

que me acinzenta;

Esse deserto,

respirando um ser partido,

como um pecado diante de si mesmo.

Não existir às vezes parece mais confortável.

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